tag:blogger.com,1999:blog-7136914010886712104.post9048630672477051840..comments2022-03-30T22:25:43.389-07:00Comments on A Minha Tropa, Anos "60": Episódios AvulsosMVHortahttp://www.blogger.com/profile/03040260857500457709noreply@blogger.comBlogger4125tag:blogger.com,1999:blog-7136914010886712104.post-53099187220412087802008-06-06T11:17:00.000-07:002008-06-06T11:17:00.000-07:00Há um aspecto que me proponho abordar oportunament...Há um aspecto que me proponho abordar oportunamente no blog CC 115, sobre a Operação Viriato e que vou aflorar agora pela importância que teve no desenrolar da operação: a ordem de operações determinava a progressão de 3 forças por 3 itinerários convergentes em Nambuangongo. Os três itinerários seriam igualmente difíceis em termos de orografia e obstáculos físicos criados pelo inimigo, mas o atribuído ao BC 114 era mais directo e, aparentemente, o mais rápido, desde que fosse recuperada a Ponte do Lifune, o que à partida estava garantido.<BR/>O IN (os insurgentes, como agora se diz), acreditava que a destruição da ponte era uma garantia de inviolabilidade do "seu" território, mas logo que viu a ponte a ser reconstruída, fez deslocar para a zona de Quicabo, todos e os melhores combatentes de que dispunha. Esta a razão porque a resistência no itinerário do BC 114 foi tão aguerrida. Ao "Combate de Quicabo", assim chamaram ao recontro com a CC 115 em Quanda Maúa, depois de terem atacado a CC 117, acorreram combatentes de Quipedro, Zala, Quifula, Canacassala e, claro, Nambuangongo.<BR/>Depois de Quanda Maúa, tudo se tornou diferente porque ali morreram em grande número os melhores combatentes do inimigo.<BR/>No itinerário aparentemente mais fácil e mais rápido, por mais directo, o IN exerceu a maior resistência! Esta a razão das dificuldades acrescidas, encontradas pelo BC 114 e o motivo porque se atrasou na progressão sobre Nambuamgongo.<BR/>Respeitemos a verdade!!!NOCAhttps://www.blogger.com/profile/01066756533404735363noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7136914010886712104.post-76966244314511339102008-05-31T07:09:00.000-07:002008-05-31T07:09:00.000-07:00QUICABOPós Quanda MaúaNo dia 15/7, após o combate ...QUICABO<BR/><BR/>Pós Quanda Maúa<BR/><BR/>No dia 15/7, após o combate descrito, entraram no perímetro do nosso acampamento os elementos da C. Caç. 115, desolados pelas perdas sofridas mas cientes de que foram capazes de se baterem com galhardia e coragem, sabemos que os estragos causados ao inimigo foram enormes (mais tarde verificados no local pois não haviam duvidas que essa parte do ataque em Quanda Máua foi terrível, sobretudo o rescaldo nesse local.<BR/>Depois da já referida entrada foi reestruturada a defesa do estacionamento e aguardamos ordens. É de supor que o Comando do Batalhão tivesse conferência com os superiores hierárquicos. Durante todo o dia comentava-se cada pormenor da intervenção de cada um mas, começamos a enfrentar os maus cheiros dos inimigos abatidos que eram ás centenas, agravado o cheiro, com o calor intenso desse dia. Aqui, adoptamos usar o lenço da mão em bico, tapando o nariz também com a casca de meia laranja sem polpa, para servir de filtro. <BR/>Fizemos, algumas pequenas incursões pela mata, a verificar os resultados.<BR/>Cerca de três dias depois, mais concretamente a 19/7 há ordem para a C.Caç117 seguir para a conquista de Quicabo, a nossa companhia estava moralizada mas como é compreensível receosa. Iniciada a marcha com um Caterpilar do pelotão de Engenharia à cabeça a abrir a coluna. Entretanto chegamos ao local onde havia a tal vala na estrada e já assinalada pelos elementos de C.Caç116, depois de devidamente tapada prossegue a marcha de forma lenta e com paragens para remover as árvores que, abatidas sobre a estrada dificultavam o nosso avanço.<BR/>Em determinado ponto sem nome conhecido, dizem-me os meus colegas que seria Quixona, sensivelmente a meio do percurso, fomos atacados de novo pelo inimigo que, se instalara no lado da estrada sem que fosse visto, dois soldados que seguiam na cabina de um dos carros da frente foram atingidos (dizia-se que com o mesmo projéctil), uma pequena peça de ferro ou aço atravessou o pescoço do primeiro condutor e foi cravar-se na ava do capacete do segundo condutor, ferindo-o no crânio provocando a cegueira imediata. <BR/><BR/><BR/><BR/><BR/><BR/><BR/><BR/><BR/>O primeiro é o Félix, felizmente que mais tarde depois de devidamente tratado regressou ao nosso convivo e ainda hoje é vivo, esteve neste ultimo convívio, o segundo nunca mais o vi mas segundo indicações do Félix terá recuperado a visão, o que me alegrou mas, nada mais se sabe dele.<BR/>.Eu, seguia num “jeepão”imediatamente atrás de um veículo pesado de caixa aberta em que eram transportados alguns elementos dos Sapadores de Engenharia que estavam integrados nas nossas missões. Esse veículo também transportava material explosivo em razoável quantidade, um dos elementos de engenharia levantou-se para fazer o lançamento de um petardo”cartuxo de trotil”, ao ficar a descoberto foi atingido mortalmente por um tiro de canhangulo, respondemos ao fogo. Entretanto o Alferes Ruas e o soldado conhecido por nós pelo “Lavanca” com a ajuda de outros dois soldados e a coberto das viaturas levam os feridos já referidos até à junto da viatura em que seguia o médico Alferes Madeira e o enfermeiro Furriel Marianito. Ainda houve outro ferido com um tiro num pé, mas sem gravidade de maior.<BR/>A marcha prossegue e mais à frente em lugar menos arborizado e mais ampliado pelo trabalho do Caterpilar (máquina preponderante na nossa progressão), ganhando assim maior campo de tiro, acampamos. Noite terrível, algum desanimo pelos resultados do dia e as incertezas do que nos esperaria nos dias seguintes. <BR/>A ordem na nossa Companhia era, de quem precisar de fazer as suas necessidades junto do arame farpado terá que levar escolta e avisar o responsável pelo sector para que não se repetisse o que aconteceu ao soldado nº 114 em Quanda Maúa. <BR/>O contacto com o Comando do Batalhão eram frequentes, portanto ao amanhecer estávamos a aguardar ordens. No primeiro contacto do dia ao amanhecer do dia 20/7 a ordem vigorosa e autoritária do Comandante que foi escutada por boa parte dos elementos da Companhia, exigia que já estivéssemos ás portas de Quicabo. (esta exigência foi escutada por boa parte dos elementos desta companhia) O comandante do Batalhão ao constatar que ainda estávamos no local do estacionamento da véspera profere tal ordem que provoca a reacção de um soldado que, terá dito “ anda para cá tu”. O Comandante terá ouvido e exigiu a prisão do soldado. A resposta pronta do nosso Capitão é que não identificou quem proferiu a frase e não podia prender toda a companhia. Foi dada ordem para por os carros na estrada e seguir para a conquista de Quicabo.<BR/> Estava assinalada pela aviação a passagem por um curso de água com alguma profundidade e largura o que prevenido o comando fez com a Engenharia transportasse várias chapas, talvez de aço ondulado e em arco para se improvisar uma passagem sobre o referido curso de água colocando-os no leito permitindo a passagem da água e atulhando por cima fazendo estrada. Estávamos à espera de ser atacados de novo enquanto fazíamos esse trabalho. O avião da DTA ou da FA, continuava a sobrevoar-nos dando informações da presença do inimigo em Quicabo.<BR/>O nosso avanço era apoiado pelo fogo a partir dos carros da frente e esporadicamente pelos restantes, chamaram a esta acção fogo de reconhecimento. Ao chegarmos ao referido curso de água e para nosso alívio constatamos que a montanha pariu um rato. O rio, tendo largura não tinha profundidade e passamos a vão sem necessidade de qualquer trabalho como o que estava previsto, o avanço prossegue e aproximamo-nos do objectivo, víamos fumo das fogueiras que ainda se encontravam acesas o que prova que o inimigo fugiu à aproximação e dos tiros de reconhecimento, com a cautela conveniente de todos os carros se fazia fogo para aquilo que nos parecesse que merecia um tiro, até serviu para prova de tiro ao alvo afinando pontaria, eu nesse percurso estava a utilizar a Mauser do soldado 114 e como era atirador especial fui exibindo os meus dotes contra o sino da capela de Quicabo que ficava fora da vila, e ainda contra algumas arvores sobretudo imbondeiros.<BR/>Na entrado em Quicabo os elementos da frente já não encontraram o inimigo mas puderam fazer o gosto ao dedo atirando e matando uma razoável quantidade de galinhas das quais o nosso vagomestre, Sargento Gaspar e os cozinheiros, fizeram um arroz de frangos para todos menos para mim que não gosto e limitei-me a comer a ração de reserva. Soube mais tarde que alguns colegas encontram encontraram caixas de bebidas e viveres que entretanto foram consumindo à socapa dos seus superiores numa perspectiva de safe se quem poder.<BR/>Entretanto foi içada a bandeira nacional, foi instalado segundo a orientação do comando da companhia todo o efectivo da mesma, embora tendo dado conta que, estávamos a ser observados e controlando os nossos movimentos pelo inimigo a partir de um morro que fica fronteiro a Quicabo.<BR/><BR/>Assim a minha versão da conquista de Quicabo pela C. Caç 117 do Batalhão 114. <BR/><BR/>Proximamente falarei das 7 Curvas, Balacende, até Beira-Baixa.<BR/><BR/>Um abraço do B.MorimBMORIMhttps://www.blogger.com/profile/16703098792925992491noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7136914010886712104.post-632008508927352052008-05-03T17:55:00.000-07:002008-05-03T17:55:00.000-07:00Parabéns e solidariedade não só com o bloger, mas ...Parabéns e solidariedade não só com o bloger, mas tambem com o comentador bmorim1.<BR/>É o 1º relato credível que vi sobre os acontecimentos de 15 de Julho de 1961 na zona de Quanda Maúa.<BR/>bmorim1 pormenoriza as circunstâncias referentes às Companhias 116 e 117, como testemunha presencial e atenta. Não pode referir em pormenor os factos passados com a Companhia 115, porque a densidade da floresta e capim no local, impediam a observação directa, embora tenha tomado conhecimento dos mesmos atravès dos relatos feitos pelos camaradas nas primeiras horas após o combate e pelo som das detonações das munições disparadas pelas armas de ambos os lados, embora grande parte da refrega tenha sido de luta corpo a corpo, com saliência para o uso das catanas por parte dos rebeldes e das baionetas por parte dos nossos soldados: a título de aclaramento direi que muitas das baionetas da mauser ficaram dobradas, pelo uso que se lhes deu.<BR/>Há, de facto a salientar a acção de duas armas importantes do Pelotão de Acompanhamento, no recontro de Quanda Maúa, por parte da CC 115: a Metralhadora Breda instalada sobre um Geep de 1/4 de Ton e o Morteiro 60mm que foi manejado com grande mestria a partir do piso de uma viatura ligeira, regulado por calculo expedito em tiro quase vertical e sem base de apoio, pelo Tenente Cipriano Pinto, facto que lhe grangeou a atribuição da Cruz de Guerra. Não podem entretanto menosprezar-se as armas ligeiras, nomeadamente a espingarda mauser com baioneta que foi de grande protecção e decisiva para contenção das vagas de atacantes que se sucediam sobre a coluna de viaturas indefesa numa picada em que o capim acariciava as caras dos soldados, sobre as mesmas viaturas.<BR/>Oportunamente darei continuação a este relato noutro local, ou seja, no meu blog: <BR/>http://noca-wwwcc115.blogspot.com/NOCAhttps://www.blogger.com/profile/01066756533404735363noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7136914010886712104.post-79628590830155702192008-04-26T11:21:00.000-07:002008-04-26T11:21:00.000-07:00Porque estive nas mesmas datas e locais, pois era ...Porque estive nas mesmas datas e locais, pois era o1º cabo apontador da Bazooka do 2º pelotão da C.Caç117.<BR/>Fiquei encantado por finalmente ter descoberto na Web alguém a falar do B.C.114 e descrever parte do eu também vivi.<BR/>Todos temos uma forma muito pessoal de descrever os mesmos acontecimentos. Dependendo da predisposição e o porquê de nos encontrar-mos em determinados locais ( eu fui voluntário para a tropa e para a guerra ), porque neles participamos e não só ouvimos relatos, temos portanto a autoridade de quem viu e viveu directamente nos acontecimentos, para os relatarmos.<BR/>A minha versão do que se passou, entre o Rio Lifune, ponte ( Anapasso ) e Quanda Maúa, local do 1º combate em que intervieram as tropas do B.C.114 é a seguinte:<BR/><BR/>A C.Caç.117 deslocou-se de Mabubas a 13 de Julho com destino à ponte do rio Lifune cuja reconstrução estava a cargo das tropas de Engenharia comandadas pelo Tenente Varela. A primeira noite passada a descoberto na mata de Angola houve luta com as formigas terríveis (quissundo). Dia 14 de manhã continuava a reconstrução da ponte mas de forma lenta para ser segura. Chegado ao local o comandante do B.C.114, verificando o atraso na reconstrução, protesta fortemente com o referido Tenente, este e seus homens conseguem até ao principio da tarde desse dia concluir a reconstrução da ponte em madeira por onde passou toda a companhia 117 e seu material de transporte e equipamento logístico e de combate.<BR/>A poucos kilometros de distancia fica uma pequena elevação cujo local de designa por Quanda Maúa, nesse local e em condição de guarda avançada à reconstrução da ponte estava parte da C.Caç.116 comandada pelo Capitão Velasco, em cujo encontro ao final da tarde do dia 14 com o nosso Capitão Marques Pereira, acordaram passar a noite no local pois era do conhecimento das tropas instaladas que pouco mais à frente havia uma vala na estrada ( picada ) que cabia uma GMC.<BR/>Assim foi dada ordem montar acampamento no local, em forma a de meio círculo cuja abertura estava tapada com o morro onde estava instalada a tropa da 116.<BR/><BR/>Relembro que estávamos todos mal preparados e mal equipados para o que nos esperava, pois, levava-mos munições contadas para a Mauser e as granadas de Bazooka e Morteiros encaixotadas além de levarmos também as viaturas carregadas de laranjas do pomar do Lifune. Cerca das 6H00 do dia 15, estava eu ainda deitado no banco traseiro do jipão, ouvi dois tiros e os gritos de terroristas, era o soldado nº114 do 2º pelotão da 117, de nome Américo da Silva Moreira mais conhecido pelo Festas, pois atingido na face e no pescoço até cortou o fio de ouro que usava com uma medalha, rastejando e com a cobertura do fogo dos seus colegas consegue de novo entrar nas mini trincheiras onde foi socorrido e temos assim o primeiro ferido do B.B.114, em combate <BR/>Este soldado tinha-se afastado até junto do arame farpado de protecção para fazer as suas necessidades fisiológicas intestinais.<BR/>Os terroristas tentavam entrar no nosso acampamento, eram impedidos pelo nosso fogo que entretanto foi reforçado com os morteiros e bazookas que passaram a estar operacionais depois de eu à machadada rebentar os respectivos cunhetes e distribuir as munições, seguidamente e junto com os meus dois municiadores carregados de granadas e a respectiva bazooka subimos o referido morro e fomos instalar-nos sensivelmente a meia altura, daí tínhamos um campo de visão privilegiado, igual ao de esquadra de Breda a Norte crei que Brauning a Sul, ficando a minha esquadra de bazooka no centro, víamos a movimentação dos terroristas e era fácil para nós atingi-los com tiros certeiros e vermos os estragos que causamos, entretanto sentimos que se aproximavam as tropas da C.Caç.115 que era suposto vir em nosso auxilio.<BR/>Disso também se aperceberam os terroristas e deslocaram grande quantidade de elementos que fizeram a abordagem ás primeiras viaturas da 115, mas esta parte saberá o meu amigo bem descrever o que foi a carnificina em que lamentamos a morte de seis colegas e ferimentos em quase duas dezenas. Enquanto isto chegaram também os aviões PV2 que metralhavam os inimigos sobre quem lançaram bombas Napal, seguidos dos aviões Fiat que lançavam bombas de rebentação e, dizia-se de fragmentação.<BR/>A tudo isto assisti e participei numa posição privilegiada pois como disse coloquei-me<BR/>no morro de Quanda Maúa cuja figura integra as elementos do emblema de B.C.114.<BR/><BR/>Fico-me por aqui, este relato vai longo, mas afirmo que os meus traumas são pela forma como pessoas oportunistas fizeram a descolonização e desrespeitam que combateu pela Pátria quer queiram quer não.<BR/><BR/>Ex 1º cabo 12/58BMORIMhttps://www.blogger.com/profile/16703098792925992491noreply@blogger.com