quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Ainda as Transmissões



As necessidades de ligação deram origem ao aparecimento dos meios de transmissão.
Comunicar é, desde os tempos mais remotos, uma das necessidades primordiais do homem. Constantemente nós comunicamos com os outros, como se dessa comunicação dependesse a certeza de estarmos vivos. Era essa troca natural e directa nas pequenas comunicações primitivas mas nas nossas cidades de hoje, ela é cada vez mais difícil e a solidão impõe-se de uma maneira violenta. É então que recorremos a meios diversos para superar as fronteiras que se criam, dia após dia mais fortes.

Neste Blog, nos posts ligados à área das Comunicações e ainda no Blog “Polícia, o Passado e o Presente” – http://mvhorta.blogspot.com/ falei da evolução das transmissões ao longo dos tempos.

O Sistema de Transmissões da Marinha (Armada) é conhecido por COMUNICAÇÕES. No Exército dão-lhe o nome de TRANSMISSÕES.
Designação dada aos respectivos Estabelecimentos de Ensino:
Escola de Comunicações da Armada; Escola Prática de Transmissões e/ou Regimentos de Transmissões, respectivamente.
Eu prefiro chamar-lhe Comunicações por se me afigurar que, no futuro, o termo transmissões, para quem o utilize, evoluirá para Comunicações.

Nas Forças Armadas e nas Forças de Segurança, as Comunicações assumem cada vez maior importância dentro das próprias Instituições. O lema no interior dos STm, é conhecido por “Confiança, Segurança e Rapidez”.

Como é do conhecimento geral, o rádio (E/R) emite em todas as direcções através da sua antena se esta não for direccional; O rádio pode ser ouvido por milhares de pessoas, que nada têm a ver com a mensagem que está sendo transmitida; o rádio está sujeito às condições (boas ou más) de propagação; o rádio necessita de ser alimentado por uma fonte de energia adequada.
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Este distintivo das transmissões "aranha" simboliza a transmissão de uma mensagem emitida em todas as direcções, do interior de uma fortificação medieval, vendo-se na imagem, a entrada principal do castelo, bem como as suas ameias.
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Nas Instituições aqui referidas, os meios de transmissão são conhecidos por meios físicos e pelas telecomunicações.
Nos meios físicos estão enquadrados os mensageiros, os animais treinados e a mala-posta (antiga diligência para transporte de malas postais e passageiros), que outrora foram muito utilizados.
As telecomunicações que podemos designar por um sistema (conjunto) de comunicações em que se empregam o telégrafo, a radiotelefonia ou o telefone e a radiotelevisão (transmissão de informações por processos eléctricos), poderão ser divididos em eléctrico/electrónicos que utilizam a corrente eléctrica e as ondas electromagnéticas (fio, rádio ou a combinação de ambos); em visuais que utilizam energia luminosa através de lanternas, bandeiras, etc. e acústicos, que utilizam a energia sonora, como por exemplo os apitos, as campainhas e afins.

Nos posts dos blogs a que fiz referência, falei das fases de evolução das comunicações e do seu escalonamento por períodos distintos:
1º. Período que vai sensivelmente até 1860;
2º. Período entre 1860 e 1900;
3º. Período entre 1900 e 1920;
4º. Período entre 1918 e 1945.
O 5º. Período?, o do nosso tempo, tem dado passos significativos na evolução das comunicações, caracterizado por prodigiosas descobertas e avanços nos domínios da ciência e das técnicas, ficará certamente na história como o tempo das comunicações. Exemplo: a Rádio, a TV, o Telefone, a Fotografia, o Radar, o Telemóvel, a Internet, etc., garantidamente, têm dado passos interessantíssimos neste período de tempo.

Recuando um pouco no tempo e seguindo a evolução da Comunicação, direi, sem grande margem de erro, que no reinado do nosso primeiro rei, D. Afonso Henriques, os meios de transmissões/comunicações então existentes, seriam apenas os meios físicos: O Pombo-Correio e o Mensageiro (estafeta).

O Pombo-Correio
(a força aérea dos exércitos da antiguidade…) que vinha sendo utilizado, de uma forma contínua, como meio de comunicação pelos romanos desde o ano de 43 a. C.; como serviço postal em Bagdad no ano 1100, e também na I e II Guerras Mundiais e obviamente por quase todos os exércitos no transporte de mensagens que eram colocadas nas patas (pernas) destes prestimosos mensageiros. Nos tempos modernos, passou-se à sua utilização desportiva, em competições. A distância mais vulgar, nos campeonatos é de 1 000 Km; o seu recorde de velocidade nesta distância é de 106 Km/h e o recorde de distância percorrida está próximo dos 4 000 Km. Nos anos “60” o ex-Batalhão de Telegrafistas, hoje Regimento de Transmissões, preservava no interior do aquartelamento, um pombal onde criava, alojava e treinava pombos-correios.
O Estafeta era um mensageiro que ia a cavalo de um lugar para o outro, sendo responsável pelo transporte e entrega de mensagens. Por vezes, o percurso, era também feito por vários elementos de uma equipa (a cavalo ou a pé) dos quais o primeiro entregava a mensagem, codificada ou não, ao elemento seguinte, e assim sucessivamente, até ao último, que cruzava a linha de meta. A propósito de mensagens codificadas, são conhecidos, ainda hoje, os sistemas criptográficos que foram criados e utilizados pelos romanos, nomeadamente desde o tempo do Imperador Júlio César.

Certamente que o nosso primeiro rei ter-se-á apoiado mais na “Informação” do que propriamente na “Comunicação”, para expansão do território.
Vejamos o que é descrito no Livro “Nação e Defesa do IDN, nos Caminhos da Nação, da autoria do General Pedro Cardoso”:
“ “……. As operações militares desenvolvidas por D. Afonso Henriques demonstram grande perícia. Entre outros planos é referido o da conquista de Santarém, o qual foi preparado em grande segredo: «metendo em confidência apenas alguns dos seus homens mais fiéis»’ numa «…operação de surpresa e de noite».
Ora D. Afonso Henriques tinha um acordo de tréguas com o comandante árabe de Santarém que, aliás, era tributário seu, e as relações entre a colectividade árabe e moçárabe e o território cristão eram relativamente frequentes. Aproveitando esta circunstância favorável, enviou um homem de confiança «conhecedor dos meus projectos, a sondar minuciosamente o caso e investigar ao mesmo tempo por que atalhos ou por que parte da muralha poderíamos entrar de noite mais a seguro» Este homem, Mem Ramires, falava árabe e sondou bem o caso. Regressado a Coimbra expôs ao rei a situação. «A parte amuralhada, o castelo, tinha apenas 3 portas (Sol, S. Tiago e Atamarca). Fora das muralhas para norte estendia-se a povoação. Não havia sentinelas no troço de muralha que dava sobre a povoação. Podia chegar-se a um sítio onde era mais fácil subir a muralha, perto da porta…» “”.

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No ano de 1836, Hertz descobriu as ondas electromagnéticas e Eastman inventou a primeira câmara fotográfica.
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A propósito da importância das comunicações, o mesmo Livro refere:

“Em 1719, nas «Memórias Militares» ………Cortar-lhe as comunicações………”

“D. Pedro V, em 16 de Setembro de 1855, foi investido do poder régio e, embora jovem, foi um dos soberanos mais ilustrados da Europa. Estudou com particular interesse as questões administrativas e a organização do exército. No seu curto reinado estabeleceu-se o TELEGRAFO ELÉCTRICO que começou a funcionar entre Lisboa e Santarém e Lisboa e Sintra e, em 25 de Setembro de 1857, com o estrangeiro”.

“Em 11 de Setembro de 1914 parte para Porto Amélia a primeira expedição para Moçambique………tendo no entanto iniciado a abertura de estradas para a fronteira do Rovuma e o estabelecimento de COMUNICAÇÕES TELEGRÁFICAS ………”
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A partir de 1920, a evolução das comunicações, foi uma constante principalmente depois da criação de Escolas de Comunicações, de Destacamentos e de Batalhões de Reconhecimento das Transmissões.
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Intercalo aqui a primeira forma de comunicar notícias através da palavra falada:
Na Antiga Roma, durante o reinado de Júlio César, todas as notícias importantes sobre batalhas, políticos famosos, grandes incêndios, etc., eram afixadas em placas espalhadas ao longo da cidade;
Na Idade Média as notícias circulavam por cartas, trocadas nomeadamente entre mosteiros ou entre nobres;
Os primeiros jornais europeus foram impressos no século XVII;
O primeiro jornal diário inglês apareceu em 1702. O seu nome era "O Correio Diário" (Nesta época já muitas pessoas sabiam ler e queriam estar a par das últimas notícias).
Em Portugal, o primeiro jornal data de 1715 e tinha o título de "Gazeta de Lisboa". O primeiro diário só surgiu, no entanto, em 1809 e chamava-se "Jornal de Lisboa". Actualmente, o mais antigo jornal é "O Açoreano Oriental" que foi fundado em 18 de Abril de 1835.
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O outro lado da COMUNICAÇÃO!
Nunca se falou tanto em Técnicas de Comunicação e dos seus mais variados problemas como hoje em dia.
Ninguém poderá ficar indiferente à sua evolução, muito embora para uma grande parte das pessoas, algumas das suas técnicas continuem a ser desconhecidas ou para o homem comum não seja fácil distingui-las ou referenciá-las.
A própria Comunicação Social, considerada por alguns como o quarto poder (depois do legislativo, do executivo e do judicial), é-lhe atribuído todo um mistério.
É que, presentemente, as Técnicas de Comunicação, no seu universo, passam através da Publicidade, das Relações Públicas e da Propaganda. O seu objectivo é naturalmente alcançar o pretendido: Chamar a atenção; despertar o interesse para o que está anunciado; criar o desejo e, naturalmente, levar à acção, isto é, à sua aquisição.

Porém, e contrariamente ao que se poderia pensar, o indivíduo sobre-informado é agredido pelas centenas de mensagens que diariamente lhe chegam de todos os lados e pelas mais diversas vias, fica desmotivado e cria uma barreira natural à recepção de qualquer comunicação.
É caso para perguntar: Na nossa sociedade sobre-informada, qual será a técnica mais eficiente?
Contudo, tudo parece indicar que o futuro continua a pertencer às comunicações e às suas técnicas e é mais que certo que o nosso século ficará identificado na história pelo século da COMUNICAÇÃO.
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Em termos comparativos veja-se, por exemplo, a diferença e as potencialidades entre os dois telemóveis deste post. Um da 1ª. metade dos anos 90 e o outro da 2ª. metade dos anos 2000. O da esquerda (o primeiro que possuí) é de tecnologia simples e de um tamanho considerado "enorme" para ser transportado como portátil; tem de altura 19,5 cm (um autêntico tijolo!), mas havia-os ainda maiores, enquanto que o mais pequeno (também é meu), mede de altura 9,8 cm, e, há-os mais pequenos. Contudo, trata-se de um telemóvel mais moderno que permite não só transmitir voz, mas também textos (mensagens) introduzidos pelo teclado e fotografias tiradas por uma pequena câmara incorporada.
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Temos fortes razões para o afirmarmos, quando verificamos o papel importantíssimo de funcionamento do sistema de orientação e navegação G. P. S. (Global Positioning System), por ondas de rádio, que utiliza os sinais electromagnéticos emitidos por uma rede de satélites artificiais e permite determinar a posição (coordenadas geográficas e altura) as 24 horas do dia, sem interrupções por condições meteorológicas adversas e com uma precisão extraordinária, sistema que se desenvolveu a partir de 1978. O erro de posição cometido é geralmente inferior ao decâmetro.

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Comentário

NOCA disse...
"Tens toda a razão, quando dizes que «Comunicar é, desde os tempos mais remotos, uma das necessidades primordiais do homem».
Eu acrescentaria que é uma das necessidades primordiais do homem e foi mesmo a condição necessária que distinguiu o homem dos outros seres vivos: a capacidade de comunicar e controlar essa capacidade de comunicação pelos sentidos e pela «palavra».
Diria mais: a «palavra», (leia-se: capacidade de comunicar) é Deus!
A própria Bíblia o diz: «no princípio era o verbo», (leia-se: «palavra»), e o verbo era Deus e Deus era o verbo - Evang. de São João.
Isto levar-nos-ia muito longe e provavelmente a dizer que quando o homem começou a comunicar, criou Deus, (deuses primeiro, e depois um só Deus).
Mas deixemos esta especulação aos filósofos, se bem que não podemos esquecer que o século das luzes, (sec XIX), libertou a Humanidade de muita crendice e agora os séculos XX/XXI, com as novas tecnologias da comunicação, parecem querer abrir ao homem novas realidades, cujos limites não se vislumbram: o conhecimento da organização do cérebro humano, com o auxílio das máquinas inventadas por esse mesmo cérebro, poderá levar o homem a uma nova etapa de desenvolvimento absolutamente impensável há poucas décadas".

8 de Fevereiro de 2009 07:15

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1 comentário:

NOCA disse...

Tens toda a razão, quando dizes que
"Comunicar é, desde os tempos mais remotos, uma das necessidades primordiais do homem".
Eu acrescentaria que é uma das necessidades primordiais do homem e foi mesmo a condição necessária que distinguiu o homem dos outros seres vivos: a capacidade de comunicar e controlar essa capacidade de comunicação pelos sentidos e pela "palavra".
Diria mais: a "palavra", (leia-se: capacidade de comunicar), é Deus!
A própria Bíblia o diz: "No princípio era o verbo, (leia-se: "palavra"), e o verbo era Deus e Deus era o verbo" - Evang. de São João.
Isto levar-nos-ía muito longe e provavelmente a dizer que quando o homem começou a comunicar, criou Deus, (deuses primeiro, e depois um só Deus).
Mas deixemos esta especulação aos filósofos, se bem que não podemos esquecer que o século das luzes, (sec XIX), libertou a humanidade de muita crendice e agora os séculos XX/XXI, com as novas tecnologias da comunicação, parecem querer abrir ao homem novas realidades, cujos limites não se vislumbram: o conhecimento da organização do cérebro humano, com a auxílio da máquinas inventadas por esse mesmo cérebro, poderá levar o homem a uma nova etapa de desenvolvimento absolutamente impensável há poucas décadas.