quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

O espírito de camaradagem da CC 115



















Foto do Comandante do 1º. Pelotão da CC 115 - Alferes Miliciano Gualter Leite Freitas



O espírito de camaradagem que existiu entre oficiais, sargentos e praças da CC 115, a meu ver, foi sempre uma realidade, por ter sido bem aceite o modelo de "disciplina consentida" e não "disciplina imposta", onde os princípios fundamentais da disciplina nunca foram postos em causa.

O lema da camaradagem é unidade e unidade é sintonia de vida. A dedicação entre uns e outros fazem nascer, naturalmente, sentimentos de solidariedade e de simpatia úteis à tarefa comum. As insígnias do posto e uniforme, têm por efeito significar publicamente que todos são dignos da função que desempenham, que o seu valor é sólido e deve ser incontestado.

A permuta de fotografias, no último semestre da campanha da "115", confirma o elevado espírito de camaradagem. Por tal facto, as fotos dos velhos companheiros guardámo-las em local seguro e livre dos bolores do esquecimento e acreditamos que elas nos transmitem histórias incontáveis, únicas e simplesmente especiais, tanto assim que, durante os habituais encontros de confraternização, quase sem darmos por isso, lá estamos a mostrar mais uma ou outra fotografia, a preto e branco, ou o velho álbum, que ajuda a recriar o percurso das nossas vidas.

Sabemos de antemão que as "histórias" contadas durante os eventos, correm naturalmente o risco de se esvaírem no tempo e no esquecimento. Todavia fazem parte de um passado!


terça-feira, 23 de dezembro de 2008

O Capelão do Bat. Caç. 114


















Foto do Alferes Capelão, Padre Carlos Mesquita

O Capelão permanecia junto do Comando do Batalhão (CCS), mas deslocava-se assiduamente em visita pastoral às Companhias Operacionais e, de vez em quando, por sua iniciativa, decidia ir connosco em missão de patrulhamento.
Homem de fé, como não podia deixar de ser. Já não me recordo se, nas suas deslocações , iria ou não armado. Contudo, duvido que soubesse utilizar a arma se se visse confrontado com o IN. A transportá-la, seria mais uma acção psicológica pessoal. Neste caso, o IN considerá-lo-ia como um simples soldado.
Este nosso Alferes Capelão, hoje Coronel, comparece a alguns dos nossos almoços de confraternização e, de um modo geral, preside ao acto litúrgico (Missa) que tem lugar antes da hora do almoço, como aconteceu por exemplo em Fátima no dia 27Mai2001, local onde o Batalhão se reuniu e confraternizou.

Dezembro de 1961 - Angola

























Comandante do 2º. Pelotão da CC 115 - Alferes Miliciano João Reis Lima Barreto
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As festividades natalícias de 1961 não existiram para a CC 115.

No mês de Dezembro de 1961, o 2º. Pelotão da "115" encontrava-se acampado na margem direita do rio Lifune, em Anapasso, precisamente no local onde a Companhia pernoitara na noite de 14/15 de Julho desse mesmo ano (vide posts deste Blog "Episódios Avulsos" e "Acampamento do rio Lifune").

Para mim, ter chegado vivo ao mês de Dezembro e sem vestígios de bala no corpo, parecia-me quase um milagre - milagre que na perspectiva religiosa, o importante não é interrogar-mo-nos quanto ao que aconteceu, mas perscrutar o sentido do mesmo - .

Relembro que, de um pelotão composto por 38 militares, no dia 15 de Julho, perderam a vida em combate 6 dos nossos camaradas e que 14 ficaram gravemente feridos. Fui um dos restantes 18 militares do pelotão a sair ileso desse violento confronto.

Nesse longínquo mês de Dezembro, em dia que já não sei precisar, o Alferes Miliciano Lima Barreto, Comandante do 2º. Pelotão, devidamente autorizado pelo Comandante de Companhia, convidou-me a mim e a mais 3 ou 4 militares a acompanhá-lo a Luanda. Ao chegarmos àquela cidade, mais parecíamos uns extraterrestres vindos de um qualquer outro planeta. Bastará referir que estivemos alguns meses sem ver sequer uma única mulher - nem preta nem branca! Curiosamente as primeiras senhoras que vimos, passado todo aquele período de tempo, foi as esposas de 4 dos Oficiais da Companhia que, entretanto, haviam chegado de Lisboa e que foram ter com os maridos ao Cacuaco.

Em Luanda, um casal familiar do Alferes Barreto obsequiou-nos com um jantar na sua residência. Durante o jantar falámos, como não podia deixar de ser, de alguns episódios ocorridos e referidos no blog. Deu para relaxar um pouco e ao mesmo tempo, para aliviar o stress e os pesadelos que continuamente nos atormentavam geridos pelo nosso subconsciente, o tal fantasma que ainda hoje persegue como uma sombra muitos dos combatentes das ex-Colónias Portuguesas. Terminado o jantar, que reconhecidamente agradecemos à família do Alferes Barreto, regressámos ao "mato". Registamos, como também não podia deixar de ser, o gesto e a camaradagem do Senhor Alferes Barreto, que nunca abandonou os seus homens, nem em combate nem em Luanda, quando o poderia eventualmente ter feito. Coisas aparentemente simples e normais mas que contribuíram grandemente para unir, para sempre, os ex-militares da CC 115, que criaram dentro de si, o espírito de camaradagem táo necessária a qualquer unidade militar, instituição que se preze ou grupo de trabalho.

Aló!... Aló!... ex-Alferes Miliciano João Reis Lima Barreto - Rua Domingos José Morais - Viana do Castelo. Um abraço fraterno do ex-1º. Cabo Radiotelegrafista Horta.


quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Ainda as Transmissões



As necessidades de ligação deram origem ao aparecimento dos meios de transmissão.
Comunicar é, desde os tempos mais remotos, uma das necessidades primordiais do homem. Constantemente nós comunicamos com os outros, como se dessa comunicação dependesse a certeza de estarmos vivos. Era essa troca natural e directa nas pequenas comunicações primitivas mas nas nossas cidades de hoje, ela é cada vez mais difícil e a solidão impõe-se de uma maneira violenta. É então que recorremos a meios diversos para superar as fronteiras que se criam, dia após dia mais fortes.

Neste Blog, nos posts ligados à área das Comunicações e ainda no Blog “Polícia, o Passado e o Presente” – http://mvhorta.blogspot.com/ falei da evolução das transmissões ao longo dos tempos.

O Sistema de Transmissões da Marinha (Armada) é conhecido por COMUNICAÇÕES. No Exército dão-lhe o nome de TRANSMISSÕES.
Designação dada aos respectivos Estabelecimentos de Ensino:
Escola de Comunicações da Armada; Escola Prática de Transmissões e/ou Regimentos de Transmissões, respectivamente.
Eu prefiro chamar-lhe Comunicações por se me afigurar que, no futuro, o termo transmissões, para quem o utilize, evoluirá para Comunicações.

Nas Forças Armadas e nas Forças de Segurança, as Comunicações assumem cada vez maior importância dentro das próprias Instituições. O lema no interior dos STm, é conhecido por “Confiança, Segurança e Rapidez”.

Como é do conhecimento geral, o rádio (E/R) emite em todas as direcções através da sua antena se esta não for direccional; O rádio pode ser ouvido por milhares de pessoas, que nada têm a ver com a mensagem que está sendo transmitida; o rádio está sujeito às condições (boas ou más) de propagação; o rádio necessita de ser alimentado por uma fonte de energia adequada.
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Este distintivo das transmissões "aranha" simboliza a transmissão de uma mensagem emitida em todas as direcções, do interior de uma fortificação medieval, vendo-se na imagem, a entrada principal do castelo, bem como as suas ameias.
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Nas Instituições aqui referidas, os meios de transmissão são conhecidos por meios físicos e pelas telecomunicações.
Nos meios físicos estão enquadrados os mensageiros, os animais treinados e a mala-posta (antiga diligência para transporte de malas postais e passageiros), que outrora foram muito utilizados.
As telecomunicações que podemos designar por um sistema (conjunto) de comunicações em que se empregam o telégrafo, a radiotelefonia ou o telefone e a radiotelevisão (transmissão de informações por processos eléctricos), poderão ser divididos em eléctrico/electrónicos que utilizam a corrente eléctrica e as ondas electromagnéticas (fio, rádio ou a combinação de ambos); em visuais que utilizam energia luminosa através de lanternas, bandeiras, etc. e acústicos, que utilizam a energia sonora, como por exemplo os apitos, as campainhas e afins.

Nos posts dos blogs a que fiz referência, falei das fases de evolução das comunicações e do seu escalonamento por períodos distintos:
1º. Período que vai sensivelmente até 1860;
2º. Período entre 1860 e 1900;
3º. Período entre 1900 e 1920;
4º. Período entre 1918 e 1945.
O 5º. Período?, o do nosso tempo, tem dado passos significativos na evolução das comunicações, caracterizado por prodigiosas descobertas e avanços nos domínios da ciência e das técnicas, ficará certamente na história como o tempo das comunicações. Exemplo: a Rádio, a TV, o Telefone, a Fotografia, o Radar, o Telemóvel, a Internet, etc., garantidamente, têm dado passos interessantíssimos neste período de tempo.

Recuando um pouco no tempo e seguindo a evolução da Comunicação, direi, sem grande margem de erro, que no reinado do nosso primeiro rei, D. Afonso Henriques, os meios de transmissões/comunicações então existentes, seriam apenas os meios físicos: O Pombo-Correio e o Mensageiro (estafeta).

O Pombo-Correio
(a força aérea dos exércitos da antiguidade…) que vinha sendo utilizado, de uma forma contínua, como meio de comunicação pelos romanos desde o ano de 43 a. C.; como serviço postal em Bagdad no ano 1100, e também na I e II Guerras Mundiais e obviamente por quase todos os exércitos no transporte de mensagens que eram colocadas nas patas (pernas) destes prestimosos mensageiros. Nos tempos modernos, passou-se à sua utilização desportiva, em competições. A distância mais vulgar, nos campeonatos é de 1 000 Km; o seu recorde de velocidade nesta distância é de 106 Km/h e o recorde de distância percorrida está próximo dos 4 000 Km. Nos anos “60” o ex-Batalhão de Telegrafistas, hoje Regimento de Transmissões, preservava no interior do aquartelamento, um pombal onde criava, alojava e treinava pombos-correios.
O Estafeta era um mensageiro que ia a cavalo de um lugar para o outro, sendo responsável pelo transporte e entrega de mensagens. Por vezes, o percurso, era também feito por vários elementos de uma equipa (a cavalo ou a pé) dos quais o primeiro entregava a mensagem, codificada ou não, ao elemento seguinte, e assim sucessivamente, até ao último, que cruzava a linha de meta. A propósito de mensagens codificadas, são conhecidos, ainda hoje, os sistemas criptográficos que foram criados e utilizados pelos romanos, nomeadamente desde o tempo do Imperador Júlio César.

Certamente que o nosso primeiro rei ter-se-á apoiado mais na “Informação” do que propriamente na “Comunicação”, para expansão do território.
Vejamos o que é descrito no Livro “Nação e Defesa do IDN, nos Caminhos da Nação, da autoria do General Pedro Cardoso”:
“ “……. As operações militares desenvolvidas por D. Afonso Henriques demonstram grande perícia. Entre outros planos é referido o da conquista de Santarém, o qual foi preparado em grande segredo: «metendo em confidência apenas alguns dos seus homens mais fiéis»’ numa «…operação de surpresa e de noite».
Ora D. Afonso Henriques tinha um acordo de tréguas com o comandante árabe de Santarém que, aliás, era tributário seu, e as relações entre a colectividade árabe e moçárabe e o território cristão eram relativamente frequentes. Aproveitando esta circunstância favorável, enviou um homem de confiança «conhecedor dos meus projectos, a sondar minuciosamente o caso e investigar ao mesmo tempo por que atalhos ou por que parte da muralha poderíamos entrar de noite mais a seguro» Este homem, Mem Ramires, falava árabe e sondou bem o caso. Regressado a Coimbra expôs ao rei a situação. «A parte amuralhada, o castelo, tinha apenas 3 portas (Sol, S. Tiago e Atamarca). Fora das muralhas para norte estendia-se a povoação. Não havia sentinelas no troço de muralha que dava sobre a povoação. Podia chegar-se a um sítio onde era mais fácil subir a muralha, perto da porta…» “”.

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No ano de 1836, Hertz descobriu as ondas electromagnéticas e Eastman inventou a primeira câmara fotográfica.
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A propósito da importância das comunicações, o mesmo Livro refere:

“Em 1719, nas «Memórias Militares» ………Cortar-lhe as comunicações………”

“D. Pedro V, em 16 de Setembro de 1855, foi investido do poder régio e, embora jovem, foi um dos soberanos mais ilustrados da Europa. Estudou com particular interesse as questões administrativas e a organização do exército. No seu curto reinado estabeleceu-se o TELEGRAFO ELÉCTRICO que começou a funcionar entre Lisboa e Santarém e Lisboa e Sintra e, em 25 de Setembro de 1857, com o estrangeiro”.

“Em 11 de Setembro de 1914 parte para Porto Amélia a primeira expedição para Moçambique………tendo no entanto iniciado a abertura de estradas para a fronteira do Rovuma e o estabelecimento de COMUNICAÇÕES TELEGRÁFICAS ………”
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A partir de 1920, a evolução das comunicações, foi uma constante principalmente depois da criação de Escolas de Comunicações, de Destacamentos e de Batalhões de Reconhecimento das Transmissões.
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Intercalo aqui a primeira forma de comunicar notícias através da palavra falada:
Na Antiga Roma, durante o reinado de Júlio César, todas as notícias importantes sobre batalhas, políticos famosos, grandes incêndios, etc., eram afixadas em placas espalhadas ao longo da cidade;
Na Idade Média as notícias circulavam por cartas, trocadas nomeadamente entre mosteiros ou entre nobres;
Os primeiros jornais europeus foram impressos no século XVII;
O primeiro jornal diário inglês apareceu em 1702. O seu nome era "O Correio Diário" (Nesta época já muitas pessoas sabiam ler e queriam estar a par das últimas notícias).
Em Portugal, o primeiro jornal data de 1715 e tinha o título de "Gazeta de Lisboa". O primeiro diário só surgiu, no entanto, em 1809 e chamava-se "Jornal de Lisboa". Actualmente, o mais antigo jornal é "O Açoreano Oriental" que foi fundado em 18 de Abril de 1835.
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O outro lado da COMUNICAÇÃO!
Nunca se falou tanto em Técnicas de Comunicação e dos seus mais variados problemas como hoje em dia.
Ninguém poderá ficar indiferente à sua evolução, muito embora para uma grande parte das pessoas, algumas das suas técnicas continuem a ser desconhecidas ou para o homem comum não seja fácil distingui-las ou referenciá-las.
A própria Comunicação Social, considerada por alguns como o quarto poder (depois do legislativo, do executivo e do judicial), é-lhe atribuído todo um mistério.
É que, presentemente, as Técnicas de Comunicação, no seu universo, passam através da Publicidade, das Relações Públicas e da Propaganda. O seu objectivo é naturalmente alcançar o pretendido: Chamar a atenção; despertar o interesse para o que está anunciado; criar o desejo e, naturalmente, levar à acção, isto é, à sua aquisição.

Porém, e contrariamente ao que se poderia pensar, o indivíduo sobre-informado é agredido pelas centenas de mensagens que diariamente lhe chegam de todos os lados e pelas mais diversas vias, fica desmotivado e cria uma barreira natural à recepção de qualquer comunicação.
É caso para perguntar: Na nossa sociedade sobre-informada, qual será a técnica mais eficiente?
Contudo, tudo parece indicar que o futuro continua a pertencer às comunicações e às suas técnicas e é mais que certo que o nosso século ficará identificado na história pelo século da COMUNICAÇÃO.
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Em termos comparativos veja-se, por exemplo, a diferença e as potencialidades entre os dois telemóveis deste post. Um da 1ª. metade dos anos 90 e o outro da 2ª. metade dos anos 2000. O da esquerda (o primeiro que possuí) é de tecnologia simples e de um tamanho considerado "enorme" para ser transportado como portátil; tem de altura 19,5 cm (um autêntico tijolo!), mas havia-os ainda maiores, enquanto que o mais pequeno (também é meu), mede de altura 9,8 cm, e, há-os mais pequenos. Contudo, trata-se de um telemóvel mais moderno que permite não só transmitir voz, mas também textos (mensagens) introduzidos pelo teclado e fotografias tiradas por uma pequena câmara incorporada.
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Temos fortes razões para o afirmarmos, quando verificamos o papel importantíssimo de funcionamento do sistema de orientação e navegação G. P. S. (Global Positioning System), por ondas de rádio, que utiliza os sinais electromagnéticos emitidos por uma rede de satélites artificiais e permite determinar a posição (coordenadas geográficas e altura) as 24 horas do dia, sem interrupções por condições meteorológicas adversas e com uma precisão extraordinária, sistema que se desenvolveu a partir de 1978. O erro de posição cometido é geralmente inferior ao decâmetro.

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Comentário

NOCA disse...
"Tens toda a razão, quando dizes que «Comunicar é, desde os tempos mais remotos, uma das necessidades primordiais do homem».
Eu acrescentaria que é uma das necessidades primordiais do homem e foi mesmo a condição necessária que distinguiu o homem dos outros seres vivos: a capacidade de comunicar e controlar essa capacidade de comunicação pelos sentidos e pela «palavra».
Diria mais: a «palavra», (leia-se: capacidade de comunicar) é Deus!
A própria Bíblia o diz: «no princípio era o verbo», (leia-se: «palavra»), e o verbo era Deus e Deus era o verbo - Evang. de São João.
Isto levar-nos-ia muito longe e provavelmente a dizer que quando o homem começou a comunicar, criou Deus, (deuses primeiro, e depois um só Deus).
Mas deixemos esta especulação aos filósofos, se bem que não podemos esquecer que o século das luzes, (sec XIX), libertou a Humanidade de muita crendice e agora os séculos XX/XXI, com as novas tecnologias da comunicação, parecem querer abrir ao homem novas realidades, cujos limites não se vislumbram: o conhecimento da organização do cérebro humano, com o auxílio das máquinas inventadas por esse mesmo cérebro, poderá levar o homem a uma nova etapa de desenvolvimento absolutamente impensável há poucas décadas".

8 de Fevereiro de 2009 07:15

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quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A Minha Primeira Telefonia

No meu Livro “Memórias de Um Passado Recente”, publicado em Abr2003, escrevi:
“……. As primeiras emissões radiotelefónicas regulares em Portugal foram feitas em Lisboa, em 1925, pela estação amadora CT1AA, que se manteve no ar durante alguns anos até ao aparecimento da rádio oficial.
A rádio particular nasce em Fevereiro de 1931, com as emissões do Rádio Clube Português mas só dois anos mais tarde, surge a Rádio Oficial que, em 1936 consegue autorização para a emissão de publicidade.
A Emissora Nacional foi constituída oficialmente em 1940. ………”

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Na década de “50”, ter uma telefonia portátil era quase tão difícil como possuir um telemóvel no princípio dos anos “80”.
Comprei a minha primeira telefonia (que ainda possuo), da marca Hitachi, made in Tokyo - Japan, nº. 522022, no ano de 1962, em Angola, mais precisamente na Vila Teixeira de Sousa (hoje Luau). Apesar de ter mais de 46 anos de fabrico, encontra-se, ainda hoje, em perfeito estado de conservação e de funcionamento. Pouco tempo depois de ter adquirido a telefonia, e para efeitos de tirar dela o máximo rendimento na Onda Curta (HF), comprei uma antena horizontal com cerca de 50 metros que me permitia receber com perceptibilidade/intensidade o sinal das estações difusoras de Onda Curta, nomeadamente de Lisboa, bem como ainda das Rádios Locais de Angola, além de outras. Também era através do meu Hitachi que recebia em morse (CW) o chamado “Noticiário da Press Lusitânia para o Império Português”, noticiário diário transmitido a partir de Lisboa, na frequência de 9 462? Khz, a uma velocidade que se enquadrava mais ou menos entre os 90 a 100 caracteres por minuto.
Nesse tempo, ter o prazer de receber a “informação noticiosa” directamente de Lisboa através de um pequeno rádio era fantástico, motivo por que guardo a minha primeira telefonia como se de uma relíquia se tratasse. O meu Hitachi, é para mim um objecto precioso, de valor estimativo, principalmente porque me manteve actualizado, a partir do momento que o adquiri, quando me encontrava naquelas terras do “fim do mundo” do Leste de Angola (Lumbala-Cazombo).
Não obstante se encontrar a caminho do meio século de existência, não está desactualizado em relação aos seus congéneres actuais, pois ostenta um design distinto que combina na perfeição com os seus parceiros actuais.
Trata-se da telefonia que está na foto.

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Comentários

NOCA disse...
Vê-se que és homem das transmissões.
Vais ao fundo do tema.
Este rádio em que ouvíamos o Rádio Club de Moçambique, comprei-o ao "Castiço" por 2.500$00.
Para dizer a verdade já não me recordo bem quem era nem como era o Castiço, mas é assim que reza a minha agenda. O rádio tinha o nº. de referência PL 59122 e acompanhou-me para o Alto Zambeze, tendo-me desfeito dele no final da comissão, já não sei como, mas julgo que o vendi ainda com lucro".

8 de Novembro de 2008 6:38

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Filipe disse...
"Gostaria de saber se alguém conhece ou tem os contactos de pessoal da 115, 1º. pelotão.
Queria rever o camarada José Batista Pires Isqueiro.
Grato pela atenção!
Domingos Ferreira"

9 de Novembro de 2008 13:28


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NOCA disse...
"Olá Filipe", aliás, Domingos Martins Ferreira!
Sobre o teu amigo José Pires Batista Isqueiro, apenas tenho indicação que mora ou morou na Rua Duarte Melo 6, R/C Esq. Feijó,
Cova da Piedade, 2810-054 ALMADA.
Não tenho telefone.
Podes visitar e comentar o blog:
http://noca-wwwcc115.blogspot.com
Aí te daremos mais notícias.
Um abraço do
NOCA"
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quarta-feira, 1 de outubro de 2008

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Notas de Angola (Após a independência)

A figura "palancas pretas" da nota de 10 000 Kwanzas, do Banco Nacional de Angola, ano de 1991, é idêntica às figuras das notas de 1 000$00 (Barragem das Mabubas), do Banco de Angola, emitidas nos anos de 1956 e 1970, figuras das personagens Brito Capelo e de Américo Tomás, respectivamente.












Após a independência (11/11/1975), Angola adoptou como unidade monetária o Kwanza.









quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Notas de Angola (Antes da independência)































































































NOTAFILIA
Embora o Banco de Angola fosse a entidade privilegiada para as emissões nesta antiga colónia portuguesa, existem também no período aqui descrito outras entidades envolvidas (emitentes).
Assim, sempre que a emissão não seja do Banco de Angola, é indicado a entidade emissora: BNU (Banco Nacional Ultramarino); GGA (Governo Geral de Angola); JM (Junta da Moeda) e GP (Governo Provincial).
A emissão das primeiras notas, em escudos, de $50 (G.P.); 1$00 (BNU); 2$50 (BNU); 5$00 (BNU); 10$00 (BNU); 20$00 (BNU); 50$00 (BNU) e 100$00 (BNU), foram emitidas em 01/01/1921.
Entretanto também houve emissões de “papel moeda” em Angolares no período compreendido entre 1926 e 1952. A partir desta data, as referidas instituições bancárias emitiram novamente notas em escudos em detrimento dos angolares.
As notas de Angola, gozavam de livre convertibilidade somente naquela ex-colónia. O País obrigava a que as reservas mínimas correspondessem à circulação fiduciária, com o objectivo de manter a confiança na moeda corrente angolana.
Durante o tempo em que a CC 115 permaneceu em Angola, as notas em circulação eram emitidas em escudos. Todavia, os comerciantes locais e outros, sempre que a oportunidade surgisse, transaccionavam escudos de Angola por escudos de Portugal Continental numa percentagem compreendida entre os 75% a 80%, não obstante argumentarem que o valor do escudo angolano (-) era igual ao valor do escudo metropolitano português (+). Esta preocupação dos colonos portugueses em ter na sua posse dinheiro de Portugal Continental, era um sinal de que existia já nessa altura alguma desconfiança em relação ao panorama político actual, até porque, de ex-colónia para ex-colónia portuguesa, o dinheiro que circulava numa colónia, não era aceite em nenhuma das outras colónias.
Em relação ao dinheiro amoedado angolano, circularam a “macuta” desde 1848 até sensivelmente 1926 data em que foi cunhada a última “macuta” (Metal: Cobre e Alpaca). A partir de 1928 e até 1974 entraram em circulação as emissões em “escudos” (Metal: Bronze, Cupro-Níquel, Alumínio; Alpaca e Prata).

sábado, 23 de agosto de 2008

Mapa de Angola (depois da independência)
























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A República de Angola é um estado do sudoeste de África, com costa para o oceano Atlântico e cujo território também compreende o enclave de Cabinda, que está situado entre a República do Congo, a República Democrática do Congo e o oceano Atlântico. A costa, plana, estende-se para leste com uma largura que oscila entre os 50 e os 150 quilómetros; a seguir, o terreno eleva-se um pouco em formações escarpadas. A zona leste do país é um grande planalto que ocupa dois terços do território e onde se situa a maior altitude: Morro Môco. Os rios mais importantes são o Cuanza e o Cunene , que correm em direcção ao Atlântico, o Cuango que é afluente do Congo; o Zambeze (Leste de Angola); o Cuando e o Cubango, que entram no Botswana. No Norte de Cabinda há extensas florestas tropicais que, para sul, dão lugar à savana com pastagens e árvores isoladas. Na costa crescem palmeiras. O clima é geralmente tropical, temperado pela corrente fria de Benguela. As chuvas são escassas na costa e no sul e abundantes no resto do país. De Setembro a Abril impera uma estação seca em todo o território.

Mapa de Angola (Até 1974)

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Emissões Filatélicas de 1962









CLICAR sobre as imagens

Acampamento do rio Lifune

Às 23.15 de 17-12-1961, hora de Lisboa (e também de Angola; o Fuso horário é o mesmo), a União Indiana iniciou um poderoso ataque militar contra Goa, Damão e Diu e invadiu as possessões portuguesas na costa ocidental do subcontinente, provocando um rude golpe no orgulho de Salazar. Sendo absolutamente indefensáveis, dada a desproporção das forças envolvidas, o velho ditador ainda pretenderá uma morte honrosa, sem rendição, por parte dos escassos portugueses que defendiam aquelas possessões.
Mas a História ia rolando! A rendição dos portugueses deu-se em 19Dez.
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Nessa data, o 2º. Pelotão da CC 115, ao qual eu pertencia, encontrava-se no acanhado acampamento do Rio Lifune.
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Paludismo
Durante o período de tempo acima referido, fui atacado pelo paludismo. Este ataque, típico das regiões tropicais, começou com calafrios; a temperatura do corpo subiu rapidamente e penso que chegou aos 41ºC, não obstante eu ter engolido, desde que colocara os pés em Angola, os comprimidos de sulfato de quinino que o médico da Companhia periodicamente receitava para prevenção de algumas doenças tropicais.
Suportei este ataque de paludismo deitado numa tarimba de madeira que eu próprio engendrei, desguarnecida de lençóis, mas coberto com uma manta de papa no momento dos calafrios.
Como é sabido, o agente do paludismo é transmitido ao homem pela picada do mosquito (fêmea) denominado anófele, ou por parasitas que se transmitem ao ser humano através deste insecto que deixa os ovos na superfície das águas.
A sede obrigava a que bebêssemos uma qualquer água sem o tratamento adequado, não obstante a forte oposição do médico da Companhia que aconselhava alguma prudência mas que acabava por se render à evidência. Recordo que, por várias vezes, em operações por dias sucessivos, enchíamos os cantis em charcos de água onde os animais da floresta bebiam e chafurdavam e introduzíamos-lhes um comprimido. Passado muito pouco tempo e dado que a sede a isso obrigava, colocávamos o lenço de bolso no bocal do cantil a servir de filtro e bebíamos aquela água impotável. Ainda assim, e não obstante esta medida preventiva, o “filtro” permitia a passagem de impurezas que deixava fortes vestígios na própria língua.
Diz-se que o paludismo que tenha sido tratado persiste, por vezes, como infecção latente que poderá reaparecer caso o tratamento não seja contínuo. Havia, contudo, que temer os efeitos secundários possíveis do quinino indicando que deveria ser interrompida a sua utilização em caso de surdez, irritações da pele, perturbações ópticas ou outros sintomas graves. A destruição dos glóbulos leva a uma anemia crónica muito séria.
Antes e depois da independência das antigas colónias portuguesas, estive várias vezes em todos os países africanos que fazem parte dos PALOP e não voltei, felizmente, a ser acometido por aqueles estados febris provocados pelo paludismo que deixa a pessoa temporariamente muito debilitada fisicamente.
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Segue-se uma temática de selos de Macau, Timor, Estado da Índia, Moçambique, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe, Guiné e Angola, alusiva à Erradicação do Paludismo (Curiosamente o selo alusivo à Erradicação do Paludismo referente ao “Estado da Índia”, data de 1962. Porém, e como antes referi, a ocupação daquele “espaço territorial” pela União Indiana, deu-se em Dez1961, sinal de que, estes selos terão sido desenhados, litografados e posteriormente enviados para Goa, Damão e Diu nos últimos meses de 1961, a fim de serem utilizados a partir de 1962).

Emissão Filatélica de 1967


























As condecorações e os louvores oficiais têm a função das mercês honoríficas de antanho, embora a sua lembrança se não projecte na descendência, senão indirectamente; estimulam o condecorado e tendem para manter o espírito familiar e nele guardar a memória de um facto digno, que tirou a família do anonimato para a história.

Emissão Filatélica de 1966



Na temática "Uniformes Militares Portugueses - Exército - Ano de 1966":
Angola;
Cabo Verde;
Guiné;
Macau;
Moçambique;
S. Tomé e Príncipe;
Timor,
os "motivos" dos selos são diferentes de ex-Colónia para ex-Colónia mas são cativantes e autênticas obras de arte.

Uniformes Militares Portugueses - Exército

Os Uniformes do Exército remontam ao Século XVII, havendo notícia de que as fardas do “Terço do Regimento da Junta do Comércio de Lisboa”, já constituíam um tipo específico de Uniforme embora não regulamentado. No entanto, apenas em 1761, D. José I, por Decreto de de 27 de Abril, aprova os distintivos a usar pelo Exército e em 1764, por Alvará de 24 de Março, aprova, por proposta do Conde de Schaumbourg Lippe, os Uniformes para o seu Regimento nº. 1. Tal Alvará não constituía um Plano de Uniforme mas actuava como tal dando a necessária uniformidade e legalidade ao fardamento a utilizar pelo Exército Português (Pagela nº. 280 de 23-01-1984 – Correios e Telecomunicações de Portugal).
Nota: As emissões de selos alusivas aos “Motivos Militares – Uniformes”, são de uma beleza extraordinária (tenho as séries completas das ex-colónias).

Emissão Filatélica de 1955



























Considerando o número de Estados que partilham o nosso mundo em repúblicas, reinos, principados, sultanatos e colónias que se tornaram nações independentes, sem contar com os impérios que desapareceram ou mudaram completamente de nome, podemos concluir que o selo de correio é realmente uma obra de arte, um mensageiro que ignora fronteiras mas que nos conta a história das civilizações.
A título de curiosidade, passo a citar o seguinte facto: No tempo em que a Sicília tinha rei, Fernando II só autorizou o emprego do carimbo postal para carimbar os selos com a sua efígie, com a condição de que em nenhum caso o carimbo fosse aposto no seu rosto, sob pena de sanções por crime de lesa-majestade!

Emissão Filatélica de 1963 (Cont.)


Emissão Filatélica de 1963


Emissão Filatélica de 1961


sábado, 16 de agosto de 2008

Angola - O Selo de Correio

Terá sido em Mai1840 que o inglês Sir Rowland Hill inventou o selo de correio.
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Em Portugal, a reforma postal deu-se em 1852 e o uso dos selos postais adesivos, vieram a ser emitidos em 1853 com a efígie de D. Maria II.
Os correios eram de início uma instituição ao serviço exclusivo do soberano. Quando foram postos à disposição de todo o público, o Estado conservou o privilégio da prioridade e da gratuidade do transporte do correio.
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O selo é um mensageiro que não tem fronteiras, descreve em todos os idiomas as maravilhas da natureza e a longa história das civilizações.
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A antiga Colónia Portuguesa de Angola, emitiu o seu primeiro selo, do tipo Coroa, de 5 réis, em 1870.
Desde esta data e até 1974, muitas emissões de selos de correio foram entretanto emitidas (De referir que os selos eram litografados na Casa da Moeda em Lisboa).
No período compreendido entre 1961 e 1963, Angola emitiu as seguintes séries de selos:
Tipos Femininos;
Desporto. Motivos diversos;
Erradicação do Paludismo;
Cinquentenário da Cidade de Nova Lisboa;
Escudos de Armas de Cidades e Vilas de Angola;
15º. Aniv. do Serviço Internacional para o Combate ao Gafanhoto Vermelho;
Viagem Presidencial;
Escudos de Armas de Cidades e Vilas de Angola (2ª. Série) e
X Aniversário da T. A. P.
Considerando que o selo de Correio, não tem fronteiras e que a par da sua função postal, é divulgador privilegiado da história, do património e da cultura dos povos, que assinala efemérides e não só, considerei interessante colocar no blog alguns selos (temáticas) de Angola, utilizados pelos ex-combatentes no período em que o BC 114 permaneceu em Angola.
Também coloquei mais três séries emitidas nos anos de 1955, 1966 e 1967.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

47º Aniversário

A comemoração do 47º. Aniversário do embarque para Angola, da CC 115, teve lugar em Loures, no dia 31Mai2008.
Nestes encontros fala-se normalmente de tudo um pouco:
· Das tropas do nosso tempo incipientemente preparadas para o tipo de guerra com que nos defrontamos, com mau equipamento e mau armamento;
· Das acções conducentes à reocupação das zonas abandonadas pelos colonos;
· Dos feitos militares de notável envergadura a que a situação obrigava. Muito do que foi dito ainda é actual na reforma...
Enfim, existe sempre tema para alimentar a animada cavaqueira, inclusive, o problema das doenças pós-traumáticas de que muitos combatentes padecem e das quais não conseguem libertar-se.
Seguem-se algumas fotos da juventude dos anos “60”.
Numa das fotos estão as nossas companheiras (esposas), que nos “aturam” há muitos anos!



























































quarta-feira, 28 de maio de 2008

Faz hoje 47 anos

Era cerca de meio-dia, do dia 28 de Maio de 1961, quando o N/M Niassa se fez ao largo ao som do Hino Nacional com destino a Angola.
Ainda me parece estar a ouvir as três ensurdecedoras e prolongadas buzinadelas do navio, no momento da partida.
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Deixo o pai e deixo a mãe
Deixo namorada a chorar!
Levo todos na lembrança
Tenho esperança de voltar!
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Tal há-de ser quem quer, co dom de Marte,
Imitar os Ilustres e igualá-los:
Voar co pensamento a toda a parte,
Adivinhar perigos e evitá-los,
Com militar engenho e subtil arte,
Entender os immigos, e enganá-los,
Crer tudo, enfim: que louvarei
O Capitão que diga: "Não cuidei."
Luís de Camões - "Os Lusíadas", Canto VIII-LXXXIX
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Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
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Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esp'rança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem, se algum houve, as saudades.
Sonetos (inc.) - Luís de Camões


terça-feira, 27 de maio de 2008

Madrinhas de Guerra

Na acepção da palavra, madrinha é uma protectora. Contudo, madrinha de guerra, é o nome que no tempo da recente guerra colonial portuguesa se dava às raparigas ou senhoras que, a pedido, mantinham correspondência com militares nos diversos teatros de guerra. Constituíam um paliativo para ajudar na passagem daqueles tempos!
Nesse tempo, quem as não teve?
Bastar-lhe-ia, escrever uma carta para a antiga Revista "Plateia" - Lisboa, ou inclusive, para Espanha - Revista Maisol Bol?, Ferman Gonzalez, Madrid, a pedir às raparigas que fossem suas madrinhas de guerra e, ao fim de pouco tempo, as cartas em seu nome, eram mais que muitas! Até dava para as dispensarmos uns aos outros, com a alegação de que entretanto outra rapariga já se lhe tinha antecipado, aceitando-o como seu afilhado. Solicitava-se-lhe, entretanto, que fosse madrinha de guerra de um seu amigo, também militar, o que normalmente era aceite.





















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O militar quando se encontrava em "zona operacional", no "mato", não tinha grandes hipóteses de comprar selos de correio nem os próprios envelopes, motivo por que utilizava os aerogramas desdobráveis (peça de correio transportada por via aérea, vulgo, bate-estradas...) na correspondência dentro do país, ou àquilo a que, nesse tempo, chamavam de império português. Refira-se que, a escassez de aerogramas era também uma constante, não chegavam para um quinto das nossas pretensões.
Para as "muchachas" do país vizinho, a correspondência era feita através de envelope próprio (mais leve) para ser transportado por avião "par avion" e com a "taxa internacional", a fim de evitar que a correspondência fosse encaminhada através da via marítima, demorando uma eternidade até chegar às mãos da pessoa a quem era dirigida.
A correspondência mantida entre madrinha e afilhado, era interessantíssima. Quase sempre ia ter a um "pedido de namoro" e, em alguns casos, esses namoros deram mesmo em casamento.
A entrega de correspondência aos militares (bissemanal) era normalmente feita durante a hora da formatura. Numa dessas entregas de correspondência, recebi 17 cartas de raparigas a responderem ao meu pedido publicado nas revistas. Também mantive correspondência com algumas "chiquitas" (a un desconocido amigo! Leendo en la Revista Marisol ... y viendo que deseas correspondencia de señoritas mi dirijo a ti. Soi Burgalesca... blá! blá! blá!!!) , até ao regresso a Portugal. Foi uma boa maneira de ajudar a passar o tempo!
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O Rádio Clube de Angola - Luanda, através de interface com a Emissora Nacional - Lisboa, acedia aos pedidos dos militares para gratuitamente enviarem uma mensagem dirigida aos seus familiares, namorada ou madrinha de guerra, mais ou menos do seguinte teor: "Eu F..., falo de Angola. Encontro-me bem de saúde. Beijos... cumprimentos... Adeus e até ao meu regresso".
Desloquei-me também ao RCA, donde enviei a minha mensagem.

O Arco e as Flechas


É provável que o arco e a flecha tenham surgido ainda antes do neolítico. Com essas armas o homem conseguiu defender-se dos animais ou caçá-los. As esculturas assírias representam o homem utilizando o arco, na caça e na guerra, o que é amplamente mencionado por Homero.
É histórica a superioridade dos arqueiros ingleses de Eduardo III, considerados os mais hábeis da Europa Ocidental.
Foi também a arma mais usada pelos índios americanos antes da introdução das armas de fogo.
Alguns povos da África Meridional, das Ilhas do Pacífico e da América Central, continuam a fazer grande uso do arco.
Na sua feitura são usados os mais diversos materiais, madeira de teixo, de nogueira, de abeto, de bambu, etc.
As pontas das flechas eram outrora feitas de osso, chifre, espinhas de peixe, etc., posteriormente de ferro ou aço. A haste era feita de madeira dura e para as cordas usa-se fibra de cânhamo ou de linho.
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O arco que a fotografia nos mostra, bem como todas as flechas, são de pontas diferentes, de corte ou de perfuração, mediante o tipo de caça a que se destinavam e foram-me oferecidos em Lumbala Velha – Angola, pelo soba Ximixe (pessoa com quem sempre me relacionei muito bem). Tanto o arco como as flechas foram feitas por este homem, o qual praticava o exercício da caça, pelo menos três a quatro vezes por mês. O local para onde ia caçar, era muito longe dali, o que implicava ter de ficar uma ou duas noites fora de casa, não obstante possuir uma Kinga (bicicleta) que sempre levava. Só caçava aquilo que precisava para a sua subsistência e das suas duas mulheres (Helena e Teresa?). A sua vida dependia das técnicas de caça e recolecção que os seus antepassados desenvolveram e lhes transmitiram de geração em geração. Ficou triste por me ver partir, e fez questão de me oferecer o seu segundo arco e algumas das suas flechas. A partir de uma determinada altura da minha permanência em Lumbala, franqueou-me a sua canoa que possuía nas margens do rio Zambeze. Sugeriu-me que fizesse um remo e a utilizasse sempre que ela estivesse disponível. Cheguei a atravessar o rio sozinho nessa canoa, conforme referi neste Blog (Títulos: “Travessia do rio Zambeze” e “Numa Canoa”).
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As bengalas, são também trabalhos tradicionais que resistem à mudança. Na parte superior têm normalmente uma figura decorativa. Eram adquiridas nos mercados locais. Estes artefactos são apreciados em todo o mundo.

O Arco, as Flechas e outros


















































O Cachimbo

O cachimbo, de enormes proporções (78 cm), que se vê também na foto anterior, é utilizado tanto pelos homens como pelas mulheres para satisfazer o vício de fumar. É constituído por um recipiente, onde arde o tabaco, e um tubo, por onde se aspira o fumo. Durante o exercício de “cachimbadelas – era fumo por todo o lado!...”.

Cachimbo Artesanal