Nos dias dos reencontros parece termos a sensação confortável de quem regressou a casa. Ao nosso lado está sempre um amigo!
O Fernando da Silva Cardoso (ex-condutor auto) e o Vítor Hugo Simões Sá (ex-Cifrador), têm sido incansáveis na realização destes eventos.
Destaco ainda outros colaboradores: António Nobre de Campos (NOCA) ex-Alferes; Durval Prata Ferreira (ex-condutor auto); Abílio de Azevedo Gomes (ex-enfermeiro); o ex-furriel, João Neves San-Bento de Sousa (No evento de confraternização que se realizou nos Açores, de 26 a 30Mai2004. É que este nosso grande amigo é natural dos Açores e tem comparecido a todos os almoços de confraternização da “115”); entre outros. Eu também já colaborei.
Só lhes peço o seguinte: Não desistam! Cá estamos para colaborar.
O Fernando da Silva Cardoso (ex-condutor auto) e o Vítor Hugo Simões Sá (ex-Cifrador), têm sido incansáveis na realização destes eventos.
Destaco ainda outros colaboradores: António Nobre de Campos (NOCA) ex-Alferes; Durval Prata Ferreira (ex-condutor auto); Abílio de Azevedo Gomes (ex-enfermeiro); o ex-furriel, João Neves San-Bento de Sousa (No evento de confraternização que se realizou nos Açores, de 26 a 30Mai2004. É que este nosso grande amigo é natural dos Açores e tem comparecido a todos os almoços de confraternização da “115”); entre outros. Eu também já colaborei.
Só lhes peço o seguinte: Não desistam! Cá estamos para colaborar.
Manuel Valadas Horta - ex-1º. Cabo Radioelegrafista
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Breve historial dos almoços de confraternização
Espantoso! Como o tempo passa!
É sabido que a passagem à situação de disponiblidade dos ex-combatentes do Batalhão de Caçadores 114, em Agosto de 1963, iria trazer problemas de emprego para os ex-militares, porque abandonados e desiludidos teriam que enfrentar no imediato a dura realidade da vida civil, a fim de retomarem o percurso interrompido.
Uns refugiaram-se na emigração, nomeadamente para França, Alemanha, Países Baixos, Suíça, Austrália, Brasil, etc. Na França o problema de mão-de-obra era mais generalizado e o acesso mais fácil e propício à emigração clandestina, enquanto na Alemanha e nos Países Baixos o nível de mão-de-obra foi sempre mais especializado. Outros concorreram e incorporaram-se nas Forças de Segurança e outros conseguiram trabalho numa ou noutra empresa. Enfim, deixaram as regiões onde nasceram e viveram até então, para se irem instalar noutras zonas, temporária ou definitivamente, na busca de emprego que lhes garantisse um salário permanente, que fizesse face às necessidades reais. Quase se diria que foi um autêntico êxodo de saída do seu torrão natal, principalmente para os naturais da província.
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Passados que foram aproximadamente 28 anos, após o regresso de Angola, realizou-se em Gaia, no dia 23Jun1991, o primeiro encontro do BC 114, organizado pela CC 117 e ao qual compareceram alguns (poucos) ex-combatentes da CC 115.
Entretanto um grupo de três elementos constituído pelo Fernando da Silva Cardoso, pelo Vitor Hugo Simões Sá, e por mim, Manuel Valadas Horta, todos residentes na zona da Grande Lisboa, decidiu constituir-se em comissão promotora para realização do primeiro almoço de confraternização da CC 115, o que não foi nada fácil devido ao facto da relação nominal existente na EPI e à qual tivemos acesso, se encontrar completamente desactualizada quanto a moradas, motivo por que nos levou imenso tempo até conseguirmos alguns endereços. Contudo, ainda conseguimos localizar sensivelmente uma centena de ex-colegas, nada mau, atendendo a que a CC 115 tinha cerca de 170 homens.
O primeiro encontro dos ex-combatentes da CC 115, teve então lugar em Sines no dia 28 de Maio de 1994, ou seja, 33 anos depois da data do embarque para Angola. O Durval Prata Ferreira, fez parte da Comissão deste 1º Almoço de Confraternização por residir em Sines e de ter proposto que o evento ali se realizasse.
Ao primeiro contacto, no dia do evento, alguns ex-companheiros não se reconheciam uns aos outros. Aqueles amigos, estavam velhos, cheios de rugas, com alguns cabelos brancos, uns carecas, outros com discretas calvícies e a ficarem tendencionalmente obesos. Entretanto no meio da amena cavaqueira que se lhe seguiu, lá aparecia mais um, a seguir outro e era com entusiasmo e surpresa, que o grupo que se formara, quase em uníssono, exclamava: "ah, olha o F., lembras-te dele? Aka! Nunca mais o tinha visto". Ali, recordam-se alguns episódios da outra margem do fosso do tempo!
O Jornal "Litoral - Alentejano", de Jun1994, presente no evento, referiu (a pedido do Durval), o seguinte:
"..........o pedido que atendemos com todo o gosto, de divulgação de um poema colectivo, com esta beleza:
Mãe
Mesmo daqui estou ouvindo os teus lamentos
Eu gosto tanto de ti, que sofro os teu sofrimentos
Mãe
Vem beijar-me minha querida
Que eu prometo voltar com vida.
Escrito num dia especial para os seus colegas de então e dedicado a todas as mães que de 61 a 74, tiveram seus filhos na Guerra Colonial.
Memórias que não esquecem e que é importante não deixar esquecer".
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Transcrição de um artigo do ex-Furriel Miliciano, João San-Bento
"Todos Tínhamos 20 Anos
A 28 de Maio de 1961, foi o dia da largada do Niassa, a caminho de Luanda.
Fomos a bordo, além do Batalhão 114, onde se incorporava a CC 115, num total de 3 300 homens de diversas unidades militares. Era a hora do - para Angola depressa e em força.
Foi uma viagem de 11 dias, com um dos motores do navio avariado.
Nas instalações dos soldados, viviam-se as piores condições de alojamento. Estive de Sargento de Dia à Companhia, logo no primeiro dia de viagem e verifiquei pessalmente que, nalguns porões onde estavam instaladas muitas "tarimbas", não se conseguia respirar. A solução foi trazer os colchões para o convés do navio e terminar a viagem ao ar livre.
Já no regresso, a situação foi bastante diferente. Era o Vera Cruz, muito melhor, mas mesmo assim tivemos um gravíssimo problema, com uma maionesse perdida, no "rancho" dos soldados.
No entretanto, durante a estadia em Angola, passamos por lugares como Luanda, Caxito, Quanda-Maúa, Lifune, Quicabo, Balacende, Beira-Baixa, Cana-Cassala, nomes e locais que nenhum de nós pode esquecer, foram bem regados de suor e sangue, dos dois lados, do nosso e do deles. Coisas que custam a recordar.
No Leste, as anharas, o rio Zambeze, Cazombo, Lumbala, Caianda, Calunga, são também lugares inesquecíveis.
Aqui os combates eram quase nulos, mas das distâncias nem se fala.
A área era do tamanho de Portugal Continental e nós eramos apenas cerca de 170 homens.
Os rádios de pouco serviam, tais as distâncias e a espessura do mato.
Depois da chegada a Lisboa, 26 meses após a partida, dado que sou dos Açores, ainda esperei três semanas por um navio que me trouxe a casa, na minha Ilha de São Miguel. O exército não pagava passagens de Avião.
Passaram-se muitos anos e como sou de longe, raramente encontrei ou soube do paradeiro de algum camarada.
Em 1995 recebi um telefonema do Furriel Celestino Coelho, do Boieiro e do Azevedo Gomes, avisando-me de um próximo encontro da CC 115. Vibrei de alegria.
Foi em Sines, esse primeiro encontro.
Comovi-me ao encontrar camaradas de armas, com quem vivi tanto tempo e em tão difíceis condições, onde o medo e a solidariedade não têm comparação, com nada que tenhamos vivido.
Quer os nossos equipamentos, quer as condições que encontramos, hoje podem parecer ridículas. Mas foi assim que passamos aqueles 26 longos meses.
Penso mesmo que muito poucos exércitos, naquelas condições, conseguissem fazer melhor, lembram-se que nem tabaco ou selos de correio existiam?
O que mais me custou, nesse primeiro encontro de Sines foi, por um lado, não reconhecer alguns daqueles com quem mais convivi e por outro lado verificar a falta de tantos outros que, pelos mais variados motivos não puderam estar presentes, ou até já não pertenciam ao mundo dos vivos.
Passados todos estes anos, tenho a honra de poder dizer que, apesar de tudo o que fizemos, muito de mau e também muito de bom, somos homens normais. A vida de um jovem de 20 anos não pode deixar de ter sido afectada, pelos combates, as mortes, os feridos, os ataques, as emboscadas, as carnificinas, mas por outro lado, a camaradagem e o apoio que sempre demos uns aos outros, mesmo estando geograficamente longe, possibilitaram-nos a integração na vida civil normal, apesar de algumas noites mal dormidas e algumas recordações piores.
Somos homens normais, passamos por aquilo que passamos, mas só nos resta esquecer os maus bocados e recordar sempre, sempre, a camaradagem que nos une.
Para todos os camaradas da CC 115 e do BC 114, um grande abraço do João San-Bento
Furriel Miliciano da CC 115"
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O poeta da "CC 115", ex-Furriel Miliciano, Celestino da Silva Coelho, no 45º. Aniversário do Embarque para Angola, declamou um poema da sua autoria, que passo a referir:
" Faz hoje quarenta e cinco anos que embarcámos
Para Angola, terra por nós desconhecida.
Felizes somos os que regressámos
E continuamos a viver a nossa vida.
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Recordamos, porém, os que tombaram
No cumprimento espinhoso da missão.
Connosco eles já não regressaram,
Mas permanecem vivos em nosso coração.
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Invocamos para eles a glória
Dos heróis da Pátria imortal,
Honraremos sempre a sua memória,
Como eles honraram o nome de Portugal.
-
E, para vós, irmãos d'armas desde então,
Neste convívio, que esperamos repetir,
Vai o meu abraço pleno de emoção
Desejando-vos as maiores felicidades no porvir.
-
Malveira, 28/Maio/2006
Ass. Celestino da Silva Coelho "
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Marcha Militar da Companhia de Caçadores 115 - Angola 1961/63
Somos da 115 tão valorosa
E viemos com altivez
Defender a Pátria extremosa
Neste nobre solo português.
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Em Angola desembarcámos
Cheios de esperança, fé e ardor:
O inimigo nós destroçámos,
Marchando em frente com todo o vigor.
-
Percorrendo estradas perigosas,
Atravessando selvas escuras,
Nossas almas tão generosas,
Jamais tremeram nessas alturas.
-
O suor e a poeira cobriram,
Nosso corpo jovem e são;
Mas os braços não descaíram
Levando aperradas armas na mão.
-
Para a frente é a ordem gritante,
Lutar, vencer, o nosso ideal;
Cada um de nós é bravo infante,
Para servir a Pátria imortal.
-
Angola, 1961/63
Celestino Coelho - Furriel Milº.
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Ser Poeta...
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Ser poeta, é ter na alma
A rima que a vida tem.
Ser poeta, é sentir calma
P'ra ver sempre mais além.
-
Ser poeta, é ter na mente
Um fogo sempre a bulir.
Ser poeta, é ir em frente
E ter sempre p'ra onde ir
-
Ser poeta, é ver o mundo
Por um prisma bem diferente.
Ser poeta, é ter, no fundo,
A rima a ferver na mente.
-
Ser poeta, é ter amor
Às coisas que a vida tem.
Ser poeta, é ter ardor,
Ser capaz de amar alguém...
-
Ser poeta, é olhar a flor
E ver nela a singeleza;
Ser poeta, é ser cantor
P'ra cantar a natureza.
-
Ser poeta, é ser risonho
É seguir em linha recta,
Sempre à procura dum sonho!...
Quem me dera ser Poeta...
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Lisboa, 02/Nov/1976
Celestino Coelho
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Durante a Comemoração do 47º. Aniversário do Embarque para Angola:
Poema declamado pelo autor:
...............Companhia de Caçadores 115
...............47º. Aniversário
.
Foi em Maio, mês das flores,
Que para Angola embarcámos.
Com anseios, com temores
Nós fomos, mas regressámos.
.
Ficarão para a História,
Os que pereceram em combate.
Recordaremos a sua memória
Aqui, ou em qualquer parte.
.
Quarenta e sete anos volvidos,
Estamos a confraternizar
E, não deixaremos esquecidos
Os que partiram p´ra não mais voltar.
.
Angola para nós, foi dor, foi sofrimento;
Mas cimentámos lá tanta amizade,
Que me atrevo a dizer, neste momento,
Nos nossos corações pulsa a saudade.
.
Saudade do companheirismo então vivido;
Saudade da juventude já ausente.
Mas, amigos, isso é tempo ido,
Saudemos o dia de hoje, que é presente.
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Loures, 31/Mai/2008
Celestino Coelho
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Almoço de Confraternização da CC 115 (30 de Maio de 2009 - Seia)
O N/Poeta "CC 115", ex-furriel miliciano Celestino da Silva Coelho, declamou mais um poema da sua autoria, que a seguir se segue:
"Companhia de Caç. 115
Encontro do 48º Aniversário
.
Cumprimos nosso dever de cidadãos
Nas terras longínquas de além-mar.
Por isso, camaradas, meus irmãos,
Aqui estamos de novo a recordar.
.
Quarenta e oito anos já lá vão,
Sobre a data em que entrámos no "Niassa"
Nos nossos corações reina a emoção
Do reencontro, no dia que hoje passa.
.
Eramos então jovens, com fervor
Sonhávamos já o regresso apetecido
Iríamos enfrentar dias de pavor
Na luta contra o inimigo desconhecido.
.
As terras angolanas palmilhámos
Num sopro de juventude sã e forte.
Hoje, podemos dizer que lutamos
Com firmeza e coragem contra a morte.
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Deixamos em Angola, fama e glória
Por ter lutado e cumprido um ideal;
Escrevemos páginas para a história
E gritaremos sempre VIVA PORTUGAL".
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Seia, 30/MAI/2009
Celestino Coelho
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Almoços de confraternização realizados:
. Gaia - 23Jun1991 - BC 114
. Sines - 28Mai1994 - CC 115
. Mafra (EPI) - 27Mai1995 - CC 115
. Aveiro - 09Jun1996 - CC 115
. Fátima - 27Mai2001 - BC 114
. Sines - 25Mai2002 - CC 115
. S. Pedro do Sul - 31Mai2003 - CC 115
. Açores - 26/30Mai2004 - CC 115
. Lisboa - 28Mai2005 - CC 115
. Malveira - 28Mai2006 - CC 115
. Loures - 31Mai2008 - CC 115
. Seia - 30Mai2008 - CC 115.
Nota: O incansável Vitor Hugo Simões Sá, organizou, sozinho, os 3 últimos almoços.
Parabéns Vitor! O teu trabalho tem sido impecável.
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