quinta-feira, 10 de abril de 2008

Quipetelo/Beira Baixa

Outro episódio:
A abertura do itinerário entre Quipetelo e a Fazenda Beira Baixa, estrada para Nambuangongo, esteve a cargo das CCaç.115 e 117.
Por motivos que já não sei precisar, mas que presumo terem sido de logística e ligados às transmissões, não acompanhei a minha companhia para a Beira Baixa. A minha deslocação para a Beira Baixa foi no dia 12Set, 4 dias depois, num jipe de transmissões da 115, integrado numa coluna da 116.
Neste itinerário, a coluna foi flagelada pelo IN num local perfeito para a emboscada (de um lado a ravina e do outro lado uma zona alta, coberta de capim e mata) que foi estrategicamente bem montada. O IN, entrincheirado, varria a zona de cima para baixo, a uma curta distância das nossas viaturas, impedindo-nos de o repelir com eficácia devido ao facto de nem sequer podermos recorrer ao lançamento de granadas de mão para desalojarmos os guerrilheiros dos seus abrigos, porque sujeitar-nos-íamos a que as granadas não atingissem o alvo e viessem a rebolar ao nosso encontro.
Como o volume de fogo do IN era intenso e vinha do nosso lado direito, em relação ao sentido de marcha, impossibilitando-nos de sair das viaturas, encostámo-nos para esse lado, a fim de não ficarmos expostos ao fogo dos guerrilheiros, porque a coluna de viaturas encontrava-se parada.
Atendendo a que o fogo dos emboscados incidia mais sobre a viatura das transmissões, provavelmente por terem ouvido a minha comunicação a informar que “estamos a ser atacados” e também porque de seguida a Estação Directora da Rede Rádio, atenta às comunicações, insistia nas chamadas para obter mais informações relativamente ao desenrolar da operação, não deixavam de nos flagelar, felizmente, sem consequências de maior.
No “meu Jipe”, seguia um elemento acabadinho de chegar, que iria fazer ainda, na Fazenda Beira Baixa a sua apresentação ao Comandante de Companhia, para recompletar o efectivo, substituindo um dos malogrados camaradas que faleceu em Quando-Maúa, o qual fazia ali mesmo o seu baptismo de fogo.
O curioso é que, este nosso novo camarada de armas, “maçarico” em termos de experiência em situações análogas, colocou o cano da velha mauser sobre a parte lateral da viatura e, à medida que fazia os disparos, sem apontar e sem apoiar a coronha da arma no ombro, dava origem a que os fortes “coices” da arma, me atingissem a mim, amortecendo no meu capacete, por me encontrar encostado à parte lateral interior do jipe e, simultaneamente, encostado também a ele.
Irra!
E esta! Heim !!!...

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